quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A importância da beleza

A todo momento, mesmo sem perceber, fazemos julgamentos estéticos sobre o que enxergamos, sejam objetos, pessoas ou paisagens. Mas em que critérios se baseiam nossas avaliações? Em outras palavras, como definir a beleza? Eis aí uma questão que, através da história, preocupou filósofos e cientistas – e cada época deu uma resposta diferente a ela. As curvas da modelo Gisele Bündchen hoje deslumbram os homens e provocam inveja nas mulheres, mas nas duas últimas décadas do século XIX sua silhueta esguia seria considerada sinal de pouca saúde ou desleixo: bonitas mesmo eram as mulheres rechonchudas. Durante muitos séculos, beleza foi um conceito intrinsecamente ligado à geometria. "Os ideais matemáticos da beleza, a noção de que ela está ligada à unidade, à organização espacial e à ordem, nasceram na Grécia antiga, perpetuaram-se em outras culturas e até hoje, de certa forma, continuam a ser usados", diz a psicóloga Nancy Etcoff, da Universidade Harvard.


As mais belas Gisele Bündchen, a atriz Diane Krueger como Helena de Tróia e a rainha egípcia Nefertiti: simetria e proporção nos traços.

O filósofo grego Platão fez eco a Pitágoras, ao dizer que o belo residia no tamanho apropriado das partes, que se ajustavam de forma harmoniosa no todo, criando assim o equilíbrio. Esse ideal estaria personificado em Helena, pivô da Guerra de Tróia, episódio que pode ser visto atualmente no cinema em versão de Hollywood. De tão deslumbrante, Helena foi elevada à categoria de semideusa no célebre poema épico Ilíada, de Homero. Sabe-se que a beleza da rainha egípcia Nefertiti, esposa do faraó Amenófis IV, que viveu catorze séculos antes de Cristo, também se amparava no equilíbrio das formas. O busto com sua imagem, hoje exposto no Museu Egípcio de Berlim, mostra que tinha o semblante perfeitamente simétrico e perfil bem delineado, além de maçãs do rosto salientes e lábios carnudos – detalhes que remetem ao conceito atual de beleza feminina. A doutrina grega da beleza comportava, ainda, um outro conceito importante – o da luminosidade. Em Homero, pode-se ler que "belas são as armas dos heróis, porque são ornadas e resplandecentes; é bela a luz do sol e da lua, e belo é o homem de olhos brilhantes". A luminosidade se tornaria, assim, um ideal a ser perseguido, principalmente na pintura renascentista. Também durante a Renascença, artistas como Leonardo da Vinci, Albrecht Dürer e Michelangelo passaram a utilizar uma equação matemática chamada proporção áurea – aplicada no projeto arquitetônico da maioria das grandes catedrais desde a Idade Média –, para ilustrar o conceito de que muito da beleza de homens e mulheres dependia das proporções entre a cabeça e o corpo. A escultura Davi, de Michelangelo, é um dos exemplos mais perfeitos da aplicação da proporção áurea.

Foi no século XVIII que nasceu a disciplina filosófica que leva o nome de estética e que se ocupa do belo e da arte. Na segunda metade do século seguinte, as explicações sobre a natureza da beleza tomaram um rumo inesperado com as teorias do naturalista inglês Charles Darwin. Em seu livro A Origem das Espécies, de 1859, ele a definiu como um fator biológico necessário à reprodução dos animais. Hoje, psicólogos evolucionistas defendem suas teorias sobre a beleza calcados na premissa darwiniana de que ela serve para assegurar a sobrevivência da espécie humana. A preferência dos homens por mulheres jovens, de quadris largos e cintura fina – atributos ligados à fertilidade – seria uma forma de garantir a geração de filhos saudáveis. Já as mulheres se sentiriam atraídas por homens altos e fortes, porque esses seriam atributos de bons provedores e de defensores da prole em qualquer circunstância.

Muitos estudiosos vão à frente nessa teoria e afirmam que atualmente, mais do que nunca, a aparência física é levada em conta não apenas no terreno do amor e do sexo, mas em todos os relacionamentos pessoais. No ambiente de trabalho, por exemplo. Antigamente, para causar boa impressão quanto ao visual, bastava que o funcionário se apresentasse com roupas adequadas. Hoje, diz o economista Markus Mobius, da Universidade Harvard, é preciso mais do que isso. Sob o título Why Beauty Matters (Por que a Beleza Importa), Mobius publicou o resultado de seu estudo em dezenas de empresas americanas. Ele conclui que as pessoas mais bonitas – e não as mais bem vestidas ou educadas – ganham mais do que aquelas a quem falta esse atributo. "Beleza evoca confiança e ser confiável, hoje, se traduz em melhores salários", ele escreve. Para os menos belos, restam os recursos hoje disponíveis, que incluem desde cosméticos até cirurgias plásticas. É um setor que movimenta anualmente 160 bilhões de dólares no mundo.

:. Texto originalmente publicado em: Veja ("Design: o poder da forma" - Edição 1855, ano 37, nº 21).

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Escutar e relaxar [2] Boa Sorte / Good Luck



Ela no Rio de Janeiro. Ele em Los Angeles, Califórnia. Mesmo separados por quilômetros de distância - e nunca se quer terem se falado, Vanessa da Mata e Ben Harper são responsáveis pelo hit "Boa Sorte / Good Luck".

A iniciativa partiu de Vanessa. Ela cantou por telefone a música para um produtor norte americano, este a gravou, e a mostrou para Ben Happer que topou a parceria na hora.

A parte em inglês da música foi escrita por Ben, a partir de uma tradução da parte em português de autoria de Vanessa. "Tentei passar a mesma emoção do trecho em português. Mas não foi fácil. A língua é tão diferente que eu fiquei confuso. Pensei se teria que cantar exatamente como ela canta... No fim tudo deu certo".

Alguém duvida? As pastes se complementaram e fizeram de "Boa Sorte / Good Luck" uma ótima balada que promete ser a trilha deste verão.

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Escutar e relaxar [1] À Quai


"À Quai" faz parte da trilha sonora do filme "Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain" (2001). O filme teve cinco indicações ao Oscar: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Roteiro Original.

A trilha sonora é composta por vinte músicas, todas de autoria do brilhante instrumentista francês Yann Tiersen. Fica a dica: tanto o filme quanto sua trilha são ótimas opções.

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